De presente de boas-vindas, lhe dei uma parte inteira do guarda-roupa.
Na sequência, comprei o shampoo que ele gostava pra deixar no meu banheiro.
E depois, uma toalha.
E desde então, aos poucos, fui abrindo mais espaço para que ele pudesse sentir que meu coração era um bom lar e que, se quisesse, podia morar lá para sempre.
Carinho e cuidado não iam faltar.
Às vezes o amor titubeava.
Acho que ele não sentia confiança na moradia, tinha receio de que, a qualquer momento, o teto pudesse cair na sua cabeça.
Muitas vezes me peguei aflita por não saber o que mais poderia fazer para que o amor confiasse na estabilidade do meu lar.
Então, tive uma ideia.
Resolvi lhe entregar a chave do meu coração para que ele pudesse vasculhar cada cantinho até se sentir seguro. Dei liberdade para que opinasse, caso achasse necessário pequenas reformas.
No fim das contas, acho que foi uma grande sacada.
A liberdade para explorar o território fez o amor aprender muito sobre mim e, consequentemente, aprendi um tanto também.
Sobre mim.
Sobre ele.
Sobre a vida.
Sobre o amor.
Baixar a guarda.
Pagar para ver.
Permitir ser vista além da primeira camada.
Quando entreguei a chave do meu coração, me senti exposta. Completamente despida.
E, apesar de aterrorizante, essa vulnerabilidade me fez mais forte e afetou o amor, que pôde enxergar o meu "eu" mais profundo.
Acredito que abrir as defesas foi o segredo para o amor se aconchegar na minha cama e ter uma noite de sono tranquila.
Hoje a porta se mantém aberta com vista pra rua.
O amor pode ir embora a qualquer momento.
E quero que ele se sinta livre para isso.
Da minha parte, continuarei oferecendo um colo quente, um abraço amigo e a paz que só temos ao encontrar nosso lugar no mundo.
Faz dois anos que o meu coração encontrou seu lugar. Faz dois anos que é só onde ele quer estar ❤️
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