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Saudade, meu paradoxo

"Sinto a falta dele como se me faltasse um dente na frente: 
excruciante"- Clarice Lispector

Viver em saudade é uma escolha que fiz.
Não importa se o amor saiu há dois ou quinze dias, ela passa diariamente para me dar um oi e ver como estou.
A saudade anda comigo de mãos dadas.
Ela ocupa o travesseiro ao lado quando o amor não pode estar presente.
É ela que me abraça quando estou assistindo a um filme ou seriado sozinha.
Ela escuta comigo o lançamento da música nova do Chico.
Ela me dá beijos de boa noite e me faz chorar quando o amor está demorando para chegar.
Também é ela que me inspira a escrever sobre o amor.
Acima de tudo, ela me mostra o quão importante ele é.
Desconfio que o amor e ela têm um trato velado. Ele a pede para tomar conta de mim quando precisa dar uma saída. 
E ela é exemplar em seu posto de trabalho. O exerce com zelo. Trabalha além do horário comercial.
Suspeito que a danada nem dorme esperando o amor chegar. Deve receber hora extra pela jornada dobrada.
Quando ele chega, ela está desperta e insiste em continuar fazendo companhia.
Ela não me deixa, é uma sem educação.
É diária. Constante. Persistente.
Ora, sufoca. Ora, acalenta.
A saudade é meu paradoxo.
Ao mesmo tempo em que quero matá-la, anseio que nunca se vá.
Sem ela, provavelmente, o amor não teria fixado morada.
Então, fica saudade.
Se o amor está aqui, tem espaço para você também.

By Milena Pelinson


Foto: para fins de direito de imagem, a foto usada não é de minha autoria e o autor não foi identificado. 





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