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Uma estranha no ninho

Desiludida, descrente, desajustada.
Inquieta e incompreensível com a modernidade líquida, onde as relações são rasas e efêmeras, descartáveis e artificiais.
Tudo dura tão pouco, que o que era já não é mais, num simples piscar de olhos ou estalar de dedos.
O amor transborda nas redes sociais, mas no peito o nível está bem abaixo do volume morto.
Conquistar mil amigos é tarefa fácil. No Facebook.
Árduo é ter alguém que pare o que está fazendo para oferecer um ombro de carne e osso, um conselho, um elogio gratuito.
As pessoas não têm mais tempo para sentimentalismo.
Somos tão ansiosos com o futuro que esquecemos de desfrutar  intensamente o presente.
Tornamo-nos especialistas em ser práticos. E desinteressantes. E desinteressados. 
Reparem em como nunca recebemos tantas mensagens carinhosas de aniversário, mas também em como nunca nos vimos envolvidos em tão poucos abraços.
O mundo tem sido um lugar estranho para "ser".
"Estar" é o termo da moda.
E assim estamos vivendo. Fazendo "pouco caso" das emoções - das alheias e das nossas - afastando-nos a cada dia da chance de viver relações profundas e reais, que possam despertar aquilo que temos de melhor. Que nos tragam plenitude. 
Despejamos inúmeras desculpas, porém nenhuma justificável.
São tempos de involução de valores. Do ser.
Resumindo tudo isso, vim aqui só para dizer que me sinto uma estranha no ninho.

By Milena Pelinson


Comentários

  1. Eu comento com as pessoas que a facilidade de comunicação gera menos comunicação, vivemos em um mundo onde o atual se desatualiza em menos de segundos, que se perderam valores de olhar para as pessoas e ter conversas em profundidade com alguém, me falam que isso é o futuro, cheio de superficialidade e conversas vagas e fúteis, eu entendo seu sentimento. Uma coisa como eu vejo o que ninguém vê e por querer algo que pra você faz sentido você se sente a estranha.

    Tempos complicados esses, ótimo texto por sinal.

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