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Sobre envelhecer



"Pode falar, não importa
O que tenho de torta
Eu tenho de feliz
Eu vou cambaleando
De perna bamba e solta" 
 Mallu Magalhães


Quando a idade bateu na minha porta, eu quis pular pela janela.
Me senti meio criminosa quando comecei a pensar em maneiras de falsificar meus documentos, e comecei a rosnar para os caras que perguntavam a minha idade na balada.
 "O importante é ter espírito livre, não?", eu me questionava.
A idade vai chegando e as despedidas começam. 
Grandes companheiros nos dizem adeus sem pestanejar.
Bye bye colágeno. Disposição. Metabolismo eficiente. Ânimo. 
Quando mais se precisa, nossos amigos nos abandonam.
Em contrapartida, recebemos novas visitas inesperadas.
Não são Bem vindas gordurinhas localizadas! Oi, insônia! Chegou uma cobrança hoje por ser solteira e sem filhos! Pés de galinha, não lembro de nenhuma autorização para fixarem moradia ao redor dos meus olhos! Coluna, desculpa, eu não sabia que vinha te maltratando esses anos todos...pare de se vingar, por favor!
Apesar do tom dramático, que eu prefiro chamar de exagero e culpar meu signo por isso (comecei a culpar o horóscopo pelos meus defeitos, enlouqueci de vez!), o lado bom nessa coisa de "amadurecer" é que tudo que está escrito na "cartilha da convenção social" não importa. Não nos pertence. Foda-se!
A velhice traz calmaria e autenticidade. 
Falamos verdades doloridas que temeríamos verbalizar há 10 ano. Isso, porque aprendemos que o que é duradouro, fica. E o que não é, tem mais é que ir mesmo.
Eu sei que não atraio mais os mesmos tipos de caras (ainda bem!). 
Quem me nota hoje,  é mais pela minha presença de espírito, pela minha mania de falar mais que a boca, pelas piadas que não sei contar ou pelo meu jeito escrachado de ser. 
A essa altura, sabemos que as amizades construídas serão permanentes porque aprendemos a selecionar quem nos faz bem e a descartar de cara quem não.
No fim das contas, percebi ao envelhece que não sou Senhora do Tempo. Sou refém. Porém, uma refém que tem sob seu domínio horas, dias, meses, anos.
Não aproveitar essa chance de fazer algo que nos deixa felizes é, literalmente, uma grande perda de tempo.
Então, que sejamos velhas. Sejamos loucas. E sobretudo, sejamos felizes!
É só que importa!


By Milena Pelinson

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