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Amarras invisíveis

"O segredo é soltar as amarras a que você mesmo se acorrentou.
Ilusões e desilusões: é preciso desatá-las todas de dentro do coração." - Lili Cunha


Pessoas incríveis já passaram pela minha vida. Outras, nada incríveis.                                   Muitos me arrancaram sorrisos. Lágrimas também.
Teve gente que me deixou de recordação histórias que estão bem guardadas naquele baú que, às vezes, tiramos do sótão para dar uma olhadinha pra matar a saudade.
Muita gente veio. Muita gente passou uma temporada. Duas. Alguns, pensei que fossem ficar.
Alguns quiseram uma estadia mais longa. Mandei embora.
Queria que alguns tivessem ficado, mas eles se foram.
Não importa quem decide quando é hora de acabar,  despedidas são sempre uma droga.   Um coração sempre vai sentir aquela dorzinha latejante insuportável que é perder alguém especial.
Sempre me dói dizer pra alguém que gosta de mim que, desculpa, não deu.
Dói porque - que droga - eu queria gostar de você que gosta de mim. De verdade. Juro!
Não seria tão menos complicado ver nossos sentimentos mais bonitos sendo aflorados por aquela pessoa legal, que se importa, que te liga pra falar que tá com saudade?
A recíproca dói demais também.
Afinal, a gente se esforça, é legal, tenta contar piada mesmo que não seja nosso forte, se interessa pela vida do outro, conhece os amigos, o cachorro, o gato, o passarinho, os filhos e, de repente, muitas vezes sem razão - desculpa, você é muito legal, mas não deu.
Aconteceu comigo. Aconteceu com você, e ainda vai acontecer um monte de vezes até chegar o dia em que, nas andanças da vida, nossas vontades sincronizem com as de alguém. É, tem que ter o dedinho do maldito timing, sim!
Sábios aqueles que levantam a cabeça, juntam os caquinhos, colam nem que seja preciso grudar todos os dedos com Super Bonder, e estão prontos pra outra.
Tristes aqueles que enchem a bagagem com rancor pós-rejeição, sem saber que se tem sentimento ruim, não há espaço pra mais nada na mala. 
Estes ficam parados na estação, presos em suas amarras invisíveis, só observando  passar tantos trens que poderiam levá-los à lugares incríveis, sem terem ânimo para embarcar em nenhum.
Nessa bagunça que é o amor, não existem culpados. Estamos todos à mercê de nos apaixonar, ou não.
Às vezes seremos correspondidos para perceber, futuramente, que não era bem isso. 
Em outras, não seremos, e por mais que seja triste, parafraseando Shakespeare: ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outros amores.
Livremo-nos das amarras invisíveis e vivamos. 
Quando estivermos distraídos, sem esforço o amor vem.
Ah, vem!

By Milena Pelinson


*Foto: para fins de direito de imagem, a foto usada não é de minha autoria e o autor não foi identificado

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