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Destroços de quem fui um dia

Volta e meia me pego pensando em nós dois. Ou melhor, no nosso amor. 
Não porque sinta sua falta, veja bem. 
O que a gente viveu foi bonito, sim. Nunca ninguém se entregou tanto para mim e nem eu me entreguei tanto para alguém. Antes ou depois de você.
Não é, também, porque eu sonhe com a ideia de que algum dia você mudará e que, então, seremos compatíveis e felizes outra vez.
Mas sou obrigada a admitir que foi marcante. Um ano que pareceu dez. Uma vida toda, compilada na convivência de doze meses, inexplicavelmente, intensos.
Éramos o casal perfeito, vivendo o amor perfeito. Causando inveja até naqueles que nos queriam bem.
Hoje, vim aqui para te dizer que esse nosso amor me estragou. Pro mundo. E pros outros.
Você me esgotou. Me sugou até a última gota. Tirou o melhor de mim.
Fui do céu ao inferno por você. E me vi perdida na volta. 
Fui deixando fragmentos do meu coração pelo caminho e quando cheguei para recomeçar a jornada, era só destroços de alguém que jamais voltarei a ser.
O brilho inocente nos olhos de quem acreditava que tinha uma vida de pura felicidade pela frente, apagou-se. 
A certeza de viver um grande amor perfeito, esvaiu-se.
Aquela excitação inicial quando se começa a conhecer alguém legal, não é mais tão emocionante.
E tudo isso não foi porque a gente terminou, mas, sim, porque você me mostrou que nem tudo que parece, é. Porque você me fez desacreditar nas pessoas.
Depois de você, estou sempre olhando de soslaio. Pisando em ovos. Ressabiada.
Deixo-me envolver, mas sempre fazendo notas mentais negativas, involuntariamente, a fim de me manter a salvo. De ficar longe o bastante do guindaste de demolição, que balança para lá e para cá, prestes a me atingir em cheio.
Vou até onde sei que conseguirei me recompor, porque mais um golpe e não restarão destroços, possíveis de serem recolocados.
Mais um golpe e serei, apenas, pó.  


By Milena Pelinson

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