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Encanto

Tenho guardado na memória lembranças dos amores que tive ao longo da vida.
Recordo-me com saudosismo do início sempre tão prazeroso. Dos planos. Da certeza de que, finalmente, tinha encontrado alguém que tanto parecia comigo.
Passei por isso uma, duas, três vezes. Ou mais.
E, relembrando tantos momentos, posso afirmar, honestamente, que não me entristeço por todos esses amores terem passado.
Parafraseando Vinicius de Moraes, acredito mesmo que relacionamentos devem ser infinitos enquanto durarem.
Infinitos de amor. De carinho. De parceria. De respeito. De confiança. De lealdade. De amizade. 
Há quem diga - minha mãe - que sou uma pessoa que não sabe perdoar. Relevar. 
Discordo. Definitivamente, não é esse o mal que me acomete.
Sofro de algo que não tem nome, mas que apelidei de "síndrome do não me conformo".
Não aceito perder qualquer coisa que tinha no início. Só isso. 
E não é algo que eu possa ou consiga controlar.
Simplesmente, não consigo evitar o vazio, a falta de vontade de permanecer quando não acredito mais, quando não sinto mais, quando não transbordo mais.
Quando sinto que as coisas não são mais as mesmas, o encanto é quebrado.
Eu sei, sim, relevar. Perdoar. 
Não guardo mágoas, ressentimentos, nem qualquer outro sentimento ruim daqueles que, algum dia, amei. Desejo-lhes, inclusive, felicidade plena.
Eu só não sei ficar pela metade. Ou estou por inteiro ou decido partir.
E partir, dói. Mas adiar o inevitável causa infelicidade e tantos outros males que só quem (eu) passou por uma situação assim, pode mensurar.
Então, sou a favor de encarar as despedidas. 
Partidas são fim, mas prefiro ser otimista e enxergá-las como começo.
É sempre tempo de buscar outro conto. Outro sonho. Outro rumo. Outra fantasia.
E quando menos se espera, você se depara com aquele encanto que nunca desencanta.

By Milena Pelinson

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