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Eu e essa minha mania de ser do avesso

Lembro da primeira vez que me deram flores.
Talvez eu seja do avesso, porque nunca gostei de ganhá-las. Sou distraída e esqueço de lhes dar a atenção necessária para o mínimo de dias de sobrevivência.
Uma outra vez, plantaram-me flores. No quintal de casa. Eram girassóis. Dessa vez, eu gostei. Não pelas flores. Nem lembro quanto duraram. Não lembro de tê-las apreciado nos dias que sucederam o florescer.
Fiquei encantada pelo resto. Pelo gesto. Pelo tempo perdido na execução da surpresa. Pela paciência da espera. Pela criatividade. 
O que me arrancou suspiros foi saber que aquilo foi pensado, especialmente, para mim. Por notarem minhas peculiaridades e reconhecerem que não pertenço ao senso comum.
Mas, na dúvida, deem-me cartões. Eu sempre gostei deles. Sou a favor da comercialização de mais cartões em branco. São difíceis de achar. E os que vem escritos são sempre impessoais, com desejos genéricos. 
Quem recebe um cartão meu, definitivamente, é merecedor de desejos genuínos. 
Eu, particularmente, dispenso todos esses desejos produzidos em grandes tiragens.
Agora, sobre presentes. É, eu gosto deles. Gosto, porque imagino - e espero sinceramente - as pessoas tendo o mesmo carinho e preocupação que eu, quando decido presentear alguém. 
Ainda assim, os cartões são muito mais legais. 
Não há presente capaz de aquecer o coração como palavras minuciosamente pensadas e direcionadas, despejadas em um pedaço de papel em branco.
Mas continuo gostando de presentes. De preferência quando eles acompanham cartões. 
Eu e essa minha mania de ser do avesso. 

By Milena Pelinson

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