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Paixões devastadoras

Lembro-me, como se ontem fosse, da primeira vez que a paixão decidiu fixar morada em meu peito.
Eu, nada aspirante à Cinderela, vi-me diante daquele que parecia ser o príncipe que me daria o sapato de cristal, levaria-me para passear no bosque e que faria parte do meu final feliz.
E tudo era lindo. Até parar de ser lindo. 
A intensidade, vista, no início, como o tempero da paixão ardente, passou a se infiltrar em campos proibidos. Na liberdade. Na privacidade. Na identidade do outro.
Foi quando percebi que paixões arrebatadoras nos fazem perder a medida das coisas. O bom senso. Aquela noção de que nosso espaço termina quando o do outro começa.
Em pouquíssimo tempo, tudo ruiu. Meu relacionamento. Meu castelo. Minha alegria. Minha autoestima. Meu amor-próprio. Minha pseudofelicidade.
Quando já não tinha forças e pensei que fosse morrer de amor, no melhor estilo dramaqueen, disseram-me que era necessário eu passar por toda aquela dor, enfrentá-la, para, enfim, alcançar a paz. 
E foi um triste, mas belo processo de autoconhecimento. De amadurecimento. De reerguimento.
Hoje, penso que todos que viveram uma paixão devastadora, dessas de curtir fossa ouvindo música melosa, percebem como um acontecimento assim é um divisor de águas na vida.
Eu, desde então, se tenho vontade de me envolver, mesmo que o cenário não se mostre muito promissor, vou sem medo. Na fé. E se der errado? Paciência. 
Ter meu coração despedaçado, fez-me ver que ninguém morre de amor e que, mesmo que algum relacionamento se esvaia, sempre há novas chances. Novos recomeços. Novos amigos. Novos prazeres. Novos amores.
Gente sem coragem, que tem medo de ter o coração despedaçado, deixa de fazer muita coisa boa, de viver momentos memoráveis.
E, honestamente, Minha Cara, estou, sim, nessa vida a passeio, com toda pretensão de desfrutar tudo de melhor que ela tem a oferecer.

By Milena Pelinson

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